Escrito por Jorge LordelloTer, 16 de Agosto de 2011 03:06
"Hoje
é o dia mais triste da minha vida, pois cheguei à conclusão que não
tenho futuro. Ninguém zela por mim, não recebi orientação alguma e
minha presença causa repulsa na sociedade.
Ao
perambular esta manha, fixei meus olhos numa cena magnífica. Vi uma mãe
saindo de casa com seu filhinho todo arrumado, sapatos novos, roupa bem
passada carregando nas costas uma mochila de couro repleta de livros e
uma farta merenda. A mulher olhou-me com total desprezo e segurou o
braço da criança para que ele não me tocasse. Será que eu poderia
contagiar o filho dela de alguma forma? Ela entrou no reluzente carro e
perdeu-se no transito louco da cidade, como se perdem sempre todos os
meus sonhos. Naquele momento, só e abandonado fiz a seguinte pergunta,
sem resposta: ”Que diferença existe entre eu e aquele garoto?". Temos
mais ou menos a mesma idade, nascemos na mesma pátria. Por outro lado,
enquanto ele joga futebol com bolas coloridas eu chuto pedras; ele
dorme agasalhado em uma cama macia e eu deito no chão sobre jornais
velhos; ele tem comida gostosa e variada e eu tenho que procurar algo
nas latas do lixo; ele vai ao colégio para aprender a ler e escrever
enquanto eu vivo nas ruas e só me ensinam a roubar e a me defender. não
são só essas, por acaso, nossas diferenças? Será que é culpa minha?
Será que sou culpado por ter nascido?
O
mundo exige um sorriso, mas não tive a felicidade de conhecer meu pai e
minha mãe, coitada, é uma mulher sofrida e ignorante. Não fui eu que
decidi não ir á escola e também não é minha culpa, não ter casa para
morar e nem comida para me alimentar. Alguém resolveu assim e eu nem
sei quem foi. Não posso reivindicar nada, pois a minha ignorância nem
permite isso. Não posso sair desta situação sozinho porque sou incapaz
de fazê-lo sem uma generosa ajuda. Ninguém coopera comigo, muito pelo
contrario, me desprezam. Então, como nada é feito, cada vez se acentua
mais a diferença entre mim e o menino que levavas pela mão.
No
futuro ele será como você. Uma pessoa de bem e respeitada pela
sociedade. E eu? Serei um reles vagabundo, talvez um ladrão que caminha
sempre em direção ao cárcere. É até possível que, dentro de alguns
anos, o menino que a mãe segura com tanto carinho e eu, voltemos a nos
encontrar. Ele como Juiz de Direito e eu como delinqüente. Ele terá
como dever purificar a sociedade de tipos como eu e eu para cumprir o
meu desgraçado destino. Ele para julgar os meus atos e eu para
padecê-los.
Como
posso ser condenado ao cárcere, quando jamais tive uma escola para
freqüentar? Será que tudo isso é justo? Amigo, não peço a tua mão, pois
ela é do teu filho; nem a roupa, nem a cama, nem o livro e nem a comida
que só a ele pertence. Somente te peço que quando encontrares na rua,
sujo, esfarrapado e abandonado, grave a minha imagem em tua mente e, se
sobrar um minuto na tua atribulada vida, meditas amigo..., meditas...
Como podes me salvar, ajudar, cooperar? Sem indiferença, com certeza,
poderemos fazer alguma coisa".
Essa
carta foi encontrada no bolso da calca de um menino de 13 anos, que
cometeu suicídio. Ele não tinha documentos. Foi enterrado como
indigente.
Um
filosofo disse a milhares de anos: "As crianças são como os espelhos.
Quando estão em presença do amor, elas o refletem. Quando o amor está
ausente, elas nada tem para mostrar".
Por
volta de 1955, em uma cidadezinha do interior, um jovem de apenas 19
anos, foi detido pegando melancias de uma grande fazenda. O
proprietário não teve duvida, acionou a polícia e o rapaz foi colocado
no cárcere. O réu foi levado ao tribunal e colocado a frente de um Juiz
severo, mas respeitado por sua sabedoria. Após ouvir todas as partes, o
magistrado levantou de sua cadeira e bradou: "Levante a mão, quem nunca
subtraiu uma única fruta do vizinho, quando era criança". Todos os
presentes silenciaram e o Juiz notou que não havia mãos levantadas. Por
fim ele sentenciou: "O presente caso está encerrado".
Um
empresário bem sucedido passava os fins de semana em sua linda chácara.
Certo dia, o caseiro observa no final da tarde um rapaz, próximo do
portão, que não tirava os olhos da propriedade. Imediatamente ele
relata o ocorrido ao patrão que aciona a polícia anunciando um assalto.
Rapidamente os policiais chegam e prendem o suspeito. O dono das terras
agradece a ação dos policiais e pergunta ao rapaz: "O que você queria
roubar?". O detido, com lágrimas nos olhos diz: "Você possui as terras,
mas eu só queria ter o direito de olhar a linda paisagem".
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