sábado, 22 de outubro de 2011
canonização de Dom Guido
Guido Maria Conforti nasceu em Ravadese (Parma - Itália) no
dia 30 de março de 1865. Foi batizado no mesmo dia. Aos 11 anos,
ingressou no seminário. Uma doença com sintomas de tipo epilético
atrasou sua ordenação. Entretanto, foi nomeado vice-reitor do
seminário, demonstrando notáveis dotes como educador, mas principalmente,
orientando os jovens à santidade com o testemunho de
uma vida de fé. Com a saúde recuperada, foi ordenado presbítero
em 1888. Jovem sacerdote, foi nomeado “Diretor da Pia Obra da
Propagação da Fé”. Antes de completar trinta anos, foi chamado a
ser Vigário Geral.
Por motivos de saúde, não podendo realizar a vocação missionária
à qual se sentia chamado, em 1895, fundou a Pia Sociedade
de São Francisco Xavier para as Missões Além Fronteiras
(Missionários Xaverianos) com o único objetivo de evangelizar os
não-cristãos. Em 1899, enviou os primeiros dois missionários à
China, e nos anos sucessivos, muitos outros os seguiram.
Em 1902, com apenas 37 anos, foi chamado pelo Papa Leão
XIII a dirigir a Arquidiocese de Ravenna. Doou-se total e exclusivamente
a Cristo e consagrou-se sem reservas ao bem das almas.
Assim, no dia da consagração episcopal, emitiu os votos religiosos
perpétuos. Durante dois anos, dedicou todas as suas energias ao
bem da Diocese, mas sua saúde acabou cedendo. Sentindo-se responsável
pelo rebanho a ele confiado, apresentou renúncia, aceita
pelo Papa Pio X, e voltou a seu Instituto, onde se dedicou à formação
de seus alunos missionários.
Com a saúde restabelecida, em 1907 o Papa lhe confiou a Diocese
de Parma. Foi um bom pastor por mais de 24 anos. Promoveu
a instrução religiosa ao ponto de transformá-la em ponto crucial
de seu empenho pastoral; instituiu escolas de doutrina cristã em
20 21
todas as paróquias; preparou catequistas com cursos específicos
de cultura religiosa e de pedagogia do ensinamento e, pioneiro na
Itália, celebrou uma semana catequética. Enfrentando fadigas e
inúmeras dificuldades, realizou quatro visitas pastorais, indo às
paróquias mais remotas. A quinta visita pastoral foi interrompida
pela morte. Celebrou dois sínodos diocesanos, instituiu e promoveu
associações católicas, a boa imprensa, as missões populares,
Congressos Eucarísticos, Marianos, Missionários e da Ação Católica.
Zelou de modo especial pela formação do clero, assim como a
dos leigos.
Sem descuidar de seu serviço pastoral na Diocese, empenhou-se
no anúncio do Evangelho aos não-cristãos, seja através da atenção
à Família missionária, por ele fundada e da qual foi Superior Geral,
como apoiando todas as iniciativas de animação missionária
na Itália. Em 1916, colaborou na fundação da União Missionária
do Clero, da qual foi o primeiro presidente por dez anos. Em 1928
foi pessoalmente à China, visitar os confrades e as comunidades
cristãs a eles confiadas.
No dia 5 de novembro de 1931 adormeceu no Senhor. Seus funerais
registraram extraordinária participação popular.
A fama de suas virtudes e de sua santidade estendeu-se de Parma
a todos os países onde atuam os Xaverianos. Os dois milagres
para a beatificação e a canonização verificaram-se, com efeito, no
Burundi e no Brasil.
Sua santidade consiste no humilde, fiel e constante cumprimento
da vontade de Deus em todos os momentos de sua vida e no
ardente zelo pela salvação de todos os homens. Sua fé viva transparecia
em cada sua palavra e gesto; a confiança ilimitada na Divina
Providência foi sustento para suas tribulações; sua inexaurível caridade
para com Deus e os irmãos, além do desejo de sua salvação,
eram visíveis a todos.
Estava convencido de que a Igreja é missionária por sua própria
natureza e, portanto, que todo cristão, conforme a sua vocação,
possibilidades, e meios, deve colaborar para que o Evangelho chegue
até os últimos confins da terra. Sua vida testemunha que toda
comunidade cristã deve “ampliar a vasta trama da caridade até os
confins da terra, demonstrando, em relação aos mais distantes, a
mesma solicitude expressa aos membros da própria comunidade”
(AG 37) e que um Bispo “é consagrado não apenas para sua Diocese,
mas para a salvação do mundo inteiro” (AG 38).
Foi beatificado em São Pedro pelo Papa João Paulo II no dia
17 de março de 1996. Sua Santidade Bento XVI no consistório
público do 21 de fevereiro de 2011 decidiu incluí-lo no livro
dos santos.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Pe. Filipe fala sobre a Canonização de Dom Guido
Os dons que Deus faz a uma pessoa sao para o bem de todos. A
canonizaçao de Dom Guido Conforti é algo que enriquece nao somente a
familia xaveriana mas tambem a Igreja e o mundo. Ele foi um grande
missionario mas ‘fora do comum’, ‘atipico’, pois nao partiu para as
missoes, viveu sempre no seu pais de origem. Ainda jovem, durante os
anos do seminario, tinha lido uma biografia do grande Francisco Xavier e
isso fez surgir nele o desejo de ser missionario na China. Mas a saude
dele e outros motivos impediram a realizaçao de tal sonho. Dom Guido nao
foi um ‘adventureiro eroico’, nao enfrentou viagens perigosas, nao foi
um martir, nao fez nada ‘fora do comum’. Para ser missionario, de fato,
nao precisa necessariamente partir, devorar quilometros e realizar
grandes obras, basta somente, apos encontrar o Ressuscitado, querer
anuncia-lo aos outros, como fizeram os dois de Emaus. O discipulo
torna-se necessariamente missionario. Dom Guido fez esta experiencia
quando, em Parma, indo para a escola, dentro de uma igreja, contemplava
um crucifixo que, com os seus braços abertos, indicava a universalidade
da missão. Hoje em dia muitas pessoas vao a igreja para receber ou pedir
alguma coisa. Contemplando diariamente aquele crucifixo Dom Guido
percebeu que devia oferecer a propria vida. Aquele crucifixo que
abraçava todos os povos da terra precisava dele para realizar um
projeto: fazer do mundo uma só família que abrace a humanidade.
Guido
ingressara’ no seminario de Parma pouco depois. Desde os anos de sua
juventude, os altos muros do seminário não lhe impediam, antes
estimulavam seus sonhos de evangelizar a China. Anos depois, como
sabemos, serà bispo incansavel, servindo o seu povo sem poupar esforços e
enfrentando grandes sacrifícios. Ainda assim, Guido nao somente nao se
fecha na propria diocese, mas sente tambem a força e a urgencia da
missao ‘alem-fronteiras’, por isso decide formar uma familia
missionaria. Tinha somente 23 anos quando comecou a pensar neste ousado e
dificil projeto. Nao se intimidou diante das dificuldades. Na qualidade
de bispo, foi animador missionário da Igreja italiana e fez questão que
os cristãos da Itália se preocupassem, eles tambem, pela missão
além-fronteira e não somente pelo próprio país.
Dom Guido foi,
ao mesmo tempo, bispo de Parma, mas missionario do mundo, pastor de dois
rebanhos, a diocese de Parma e a imensa missão da China, que Roma
confiara aos xaverianos, onde seus filhos estavam evangelizando. Ele
mesmo deu o exemplo: se abriu aos imensos horizontes do mundo,
acompanhou, sustentou e visitou pessoalmente os seus na China, pouco
antes de morrer. Mesmo precisando de padres para a sua diocese
(pouquíssimos frente à enorme necessidade de tantas paróquias) envia a
China vários missionarios, convencido que quem doa com generosidade
recebe muito mais, pois (como afirma Aparecida) a missão evangelizará
também as nossas igrejas e comunidades com as riquezas partilhadas de
outros continentes. A missão Ad Gentes não é uma generosidade da Igreja
na América Latina, é um dever que se converterá em riqueza para o mesmo
continente.
Guido foi Pastor de dois rebanhos.. mas isso
vale tambem para todo batizado! O primeiro rebanho sao as pessoas que
lhe sao confiadas, na familia, na comunidade, no trabalho. Entre nos ha’
tanta gente afasta da Igreja e ‘distante’.. tantos empobrecidos e
marginalizados. Mas existe um segundo rebanho: o mundo. O discipulo é
responsavel por toda a humanidade, por aqueles que ainda (a grande
maioria), na terra, ignoram o amor do Pai e a fraternidade do Reino. Nao
podemos ficar indiferentes. Dom Guido pensava que todo cristão deve, de
certa forma, se sentir responsável também das Missões entre os não
cristãos, nos 5 continentes da terra. Nisso Ele antecipou (naquela
epoca!) a abertura missionaria do Vaticano II e de Aparecida: “Para não
cair
na armadilha de fechar-se em si mesma, a nossa Igreja Latino-americana
deve formar-se como discípula missionária sem-fronteira, disposta a ir
‘a outra beira’, onde Cristo ainda não é reconhecido como Deus e
Senhor”. Obrigado Sao Guido pelo teu lindo testemunho de vida
missionaria!
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